À medida que as pessoas envelhecem, é comum que ocorram algumas mudanças cognitivas e de aprendizado. No entanto, essas mudanças não são universais e variam de pessoa para pessoa. Esta plasticidade pode ser positiva nos idosos.
Tal teoria vai de encontro às perdas biológicas, tão fortemente lembradas ao andar, levantar, sentar, pegar um objeto no alto, diminuição de acuidade visual, olfatória e auditiva, enfim, o dia a dia repleto de dificuldades que o idoso vive.
Este contraponto emocional acontece devido a regulação de emoções, resultante da experiência de vida, pela qual o idoso foi obrigado a passar. Cada idoso traz consigo uma história de vida pessoal única, e a heterogeneidade da velhice reflete-se nas diversas vivências e trajetórias individuais. Portanto, é essencial reconhecer que não há um perfil único que englobe todos os idosos, uma vez que estamos lidando com seres humanos dotados de sentimentos e experiências únicas.
As experiências vivenciadas ao longo da vida têm um papel fundamental na regulação emocional dos idosos. Aqueles que passaram por períodos de conflito, como guerras mundiais, vivenciaram avanços tecnológicos significativos ou enfrentaram grandes movimentos sociais, podem desenvolver uma capacidade maior de lidar com situações emocionalmente desafiadoras. Essas experiências moldam suas perspectivas e habilidades para enfrentar as mudanças e adversidades da velhice.
A diversidade socioeconômica e as condições educacionais, de saúde e infraestrutura de um país como o Brasil desempenham um papel significativo na experiência da velhice, da mesma forma que a longevidade e a qualidade de vida podem estar diretamente relacionadas. Se por um lado as reações positivas são encontradas naqueles idosos com boa condição social e um histórico de realizações, por outro lado, as reações negativas são mais vistas quando encontram-se com alguma doença e incapacidade física, ponto importante que detalha fator mas não propriamente da idade.
Qualquer que seja a situação retratada, é notório o domínio sobre as emoções na velhice, sempre em busca do bem estar, inclusive com lembranças e recordações. Estas últimas podem ser transformadas a partir de novos pontos de vista adquiridos ao longo da vida, com diferentes justificativas, de forma a ressignificar até uma lembrança de uma situação ruim em algo melhor.
Quando comparada à juventude imediatista, a velhice é mais sensata e por vezes, mais sincera e egoísta. Motivada pela perspectiva de menos tempo de vida, há quem se proteja de maiores desabonos em busca do bem estar, selecionando aquilo que trará mais prazer e/ou resultados menos desastrosos. Mas quando não é possível a escolha ao menos há uma reação mais positiva sobre vida, ou expectativa.
ALTERAÇÕES QUE PODEM OCORRER
Declínio cognitivo: Com o envelhecimento, algumas pessoas podem apresentar um declínio leve nas habilidades cognitivas, como velocidade de processamento de informações, atenção e memória de trabalho. Isso pode tornar a resolução de problemas mais lenta em comparação com pessoas mais jovens. Esse declínio pode tornar o processo de aprendizagem mais lento e exigir mais esforço para absorver novas informações.
Dificuldade na aprendizagem de novas informações: Em geral, pessoas mais velhas podem ter mais dificuldade em aprender novas informações em comparação com indivíduos mais jovens. Isso pode ser resultado do declínio cognitivo mencionado anteriormente e também da redução da plasticidade cerebral, que é a capacidade do cérebro de criar novas conexões neurais.
Sabedoria e experiência: Embora possa haver algumas limitações cognitivas, as pessoas mais velhas geralmente têm a vantagem da experiência acumulada ao longo dos anos. Isso pode levar a uma compreensão mais profunda de determinados problemas e situações e a uma maior capacidade de tomar decisões informadas.
Plasticidade cerebral reduzida: A plasticidade cerebral refere-se à capacidade do cérebro de criar novas conexões entre neurônios à medida que aprendemos e adquirimos novas informações. Com o envelhecimento, a plasticidade cerebral tende a diminuir, o que pode tornar mais desafiador para os idosos consolidarem novos conhecimentos.
Dificuldades sensoriais: À medida que envelhecemos, é comum que ocorram alterações nos órgãos sensoriais, como visão e audição. Problemas de visão ou audição podem dificultar a compreensão de informações escritas ou verbais, afetando o processo de aprendizado.
Expectativas negativas: Às vezes, idosos podem ter expectativas negativas em relação à própria capacidade de aprender, o que pode levar a uma abordagem menos otimista ou motivada para a aprendizagem.
Dificuldades de multitarefa: Com o envelhecimento, a capacidade de lidar com várias tarefas ao mesmo tempo (multitarefa) pode ser prejudicada. Isso pode afetar a capacidade de aprender em ambientes complexos ou com múltiplas demandas.
Em muitos casos, a capacidade de aprendizado pode ser preservada ou até mesmo aprimorada em idades mais avançadas, e é importante valorizar o conhecimento e a experiência que os idosos trazem consigo ao longo da vida. Respeitar e incentivar o processo de aprendizado contínuo em todas as idades é fundamental para uma sociedade enriquecedora e inclusiva.
EVIDÊNCIAS SOBRE A PLASTICIDADE CEREBRAL EM IDOSOS
Neurogênese: O cérebro adulto, incluindo o de pessoas idosas, ainda pode gerar novos neurônios em algumas áreas específicas do cérebro, como o hipocampo, que é uma região associada à memória e ao aprendizado.
Reorganização neural: O cérebro pode se reorganizar e criar novas conexões neurais para compensar áreas danificadas ou disfuncionais, permitindo que ele continue a executar funções cognitivas importantes.
Treinamento cognitivo: Pesquisas mostram que o treinamento cognitivo, como exercícios de memória, quebra-cabeças e jogos mentais, pode levar a melhorias nas habilidades cognitivas em pessoas idosas.
Experiência e aprendizado: A exposição contínua a novas experiências e aprendizado ao longo da vida pode estimular a plasticidade cerebral, promovendo a formação de novas conexões neurais e a manutenção de habilidades cognitivas.
Estimulação ambiental: Ambientes enriquecidos, que oferecem uma variedade de estímulos e desafios, têm sido associados a melhorias na plasticidade cerebral em idosos.
Essas descobertas destacam a importância de promover um estilo de vida saudável, que inclua atividades físicas, mentais e sociais, para sustentar a plasticidade cerebral ao longo do envelhecimento. Acredita-se que o engajamento em atividades cognitivamente estimulantes possa desempenhar um papel crucial na manutenção das funções cerebrais e na redução do declínio cognitivo relacionado à idade.
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