Sabe aquele remedinho que parece inofensivo, pequeno, redondo, de cor branca, pode ser comprado livremente dentro uma cestinha, sem receita, sem supervisão ou orientação, é só pagar e pode consumir imediatamente…pois é, estes “amiguinhos” podem virar uma dor de cabeça quando misturados com outros.
Muito comum é sairmos das DROGArias e farmácias com muitos produtos, e montar em casa um arsenal para aliviar e combater qualquer indisposição, consumindo remédios indiscriminadamente e sem parcimônia. Para pacientes que tratam diferentes enfermidades e passam em diferentes especialistas, consomem vários medicamentos, saibam: esta mistura pode resultar em efeitos nocivos e muito perigosos.
No tratamento de uma doença é comum envolver o uso de mais de um medicamento. Isso ocorre porque diferentes medicamentos podem ter diferentes mecanismos de ação e alvos terapêuticos, o que pode ajudar a melhorar a eficácia do tratamento. Por exemplo, no tratamento de hipertensão arterial pode incluir um diurético, um inibidor da enzima conversora de angiotensina e um bloqueador do receptor de angiotensina II. Para o tratamento de diabetes, que geralmente envolve o uso de mais de um medicamento para controlar o açúcar no sangue, pode incluir medicamentos orais e injetáveis.
A polifarmácia é o uso de vários medicamentos por uma pessoa ao mesmo tempo, pode incluir medicamentos prescritos, medicamentos sem prescrição, suplementos alimentares e produtos naturais. O uso de mais de um medicamento pode aumentar o risco de interações medicamentosas e efeitos colaterais
Por isso, é importante que a pessoa informe seu médico sobre todos os medicamentos que está tomando, para que o médico possa avaliar a necessidade de cada medicamento e fazer ajustes se necessário. Em alguns casos, pode ser necessário reduzir o número de medicamentos. Isso pode envolver a interrupção de medicamentos que não são mais necessários ou a combinação de medicamentos em um único comprimido (polipílula) para simplificar o regime de medicação.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Os medicamentos podem interagir uns com os outros, o que pode levar a efeitos colaterais indesejados, diminuição da eficácia do tratamento ou complicações de saúde. Essas interações podem ocorrer quando o tempo de ação dos medicamentos coincide e, inclusive quando combinado com outros produtos. Podem ser classificadas em diferentes categorias, dependendo dos efeitos que elas causam:
– Interações farmacodinâmicas: essas interações ocorrem quando dois ou mais medicamentos têm o mesmo alvo terapêutico ou mecanismo de ação, o que pode levar a uma potencialização ou redução do efeito terapêutico. Por exemplo, o uso simultâneo de dois analgésicos pode aumentar o risco de efeitos colaterais gastrointestinais.
– Interações farmacocinéticas: essas interações ocorrem quando um medicamento interfere no metabolismo, absorção ou eliminação de outro medicamento. Por exemplo, alguns medicamentos podem aumentar ou diminuir a atividade das enzimas hepáticas, o que pode afetar a absorção ou eliminação de outros medicamentos.
– Interações medicamento-doença: essas interações ocorrem quando um medicamento pode afetar negativamente uma condição médica existente ou aumentar o risco de uma complicação. Por exemplo, algumas medicações para pressão arterial podem aumentar o risco de hipoglicemia em pessoas com diabetes.
Estas interações negativas podem resultar em envenenamento por medicamento, ou seja, ocorre quando uma pessoa toma uma dose excessiva de um medicamento, ou quando uma pessoa toma um medicamento que é tóxico em uma determinada dose, mesmo que essa dose seja a recomendada. O envenenamento pode acontecer com medicamentos prescritos ou sem prescrição médica. Também podem ter um final trágico, como óbito.
Entretanto, a interação medicamentosa pode ser positiva, como em tratamento da hipertensão arterial. A combinação de medicamentos neste caso é benéfica porque cada medicamento age de maneira diferente. Por exemplo, alguns medicamentos podem relaxar os vasos sanguíneos, enquanto outros podem reduzir a produção de hormônios que aumentam a pressão arterial. Ao usar mais de um medicamento, há mais chance de controle e redução do risco de complicações como doença cardíaca, acidente vascular cerebral e insuficiência renal.
EFEITOS ADVERSOS
Em caso de efeitos colaterais graves de um medicamento, é claro que devemos consultar um médico imediatamente. Caso ocorra uma reação alérgica a um medicamento, deve-se interrompê-lo e procurar ajuda.
Se houver uma mudança na condição de saúde de uma pessoa, pode ser necessário interromper ou ajustar a dose de um medicamento. Por exemplo, se um paciente com pressão alta começar a apresentar pressão arterial muito baixa, será necessário reduzir a dose do medicamento ou interrompê-lo completamente. Ou em caso de internação, todos as dosagens são re-analisadas pela equipe, assim como a substituição de um por outro, até que se estabilize novamente.
É importante consultar um médico sobre o fim de tratamento, pois há situações que o paciente mantém o medicamento como uso contínuo. Se um tratamento tiver sido concluído, o paciente deve interromper o uso dos medicamentos. Infelizmente não é sempre que isto ocorre.
A polifarmácia pode interferir significativamente no dia a dia de uma pessoa. Apesar de ser necessário o uso de vários medicamentos ao mesmo tempo para tratar diferentes condições de saúde, deve ser visto com muita cautela, para que evite os já citados efeitos adversos, interações medicamentosas, mas também, comprometimento cognitivo e da qualidade de vida fadiga, falta de energia e diminuição da capacidade de realizar atividades cotidianas.
Referências
1- Rang, H.P.; Dale, M.M.; Ritter; Flower, J.R. Farmacologia – 6a ed. 2007
2- https://www.freepik.com/